Escrever, Humildade, Técnica
Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de… de quê? procure um modo de falar que me leve mais depressa ao entendimento. Esse modo, esse “estilo” (!), já foi chamado de várias coisas, mas não do que realmente e apenas é: uma procura humilde. Nunca tive um só problema de expressão, meu problema é muito mais grave: é o de concepção. Quando falo em “humildade” refiro-me à humildade no sentido cristão (como ideal a poder ser alcançado ou não); refiro-me à humildade que vem da plena consciência de se ser realmente incapaz. E refiro-me à humildade como técnica. Virgem Maria, até eu mesma me assustei com minha falta de pudor; mas é que não é. Humildade com técnica é o seguinte: só se aproximando com humildade da coisa é que ela não escapa totalmente. Descobri este tipo de humildade, o que não deixa de ser uma forma engraçada de orgulho. Orgulho não é pecado, pelo menos não grave: orgulho é coisa infantil em que se cai como se cai em gulodice. Só que orgulho tem a enorme desvantagem de ser um erro grave, com todo o atraso que erro dá à vida, faz perder muito tempo.
( Clarice Lispector )
(A Paixão segundo G.H. – Página 296)
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Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(Drummond)
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No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
(Drummmond)
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Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) foi um poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Drummond foi um dos principais poetas da segunda geração do Modernismo brasileiro.
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Este espaço se destina à divulgação do Espiritismo Cristão, doutrina baseada nos ensinamentos de Cristo e sistematizada nas obras de Allan Kardec.
@evangelhodejesus
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Particípios: regular e irregular
Há verbos que possuem duas formas de particípio e eles são chamados de verbos abundantes. Alguns exemplos: aceitado/aceito, matado/morto, fixado/fixo, acendido/aceso, elegido/eleito, entregado/entregue, expelido/expulso, limpado/limpo etc. Afinal, como usá-los corretamente? É muito simples! Basta você observar o verbo auxiliar que vem antes dele. Se o auxiliar for ter ou haver, use a forma regular (terminada em -do). Se o auxiliar for ser ou estar, use a forma irregular. Mais alguns exemplos:
Os bandidos estão presos na cela
Ele foi salvo por um herói semana passada.
Ela havia prendido o dedo na porta da escola.
Ele tinha salvado o arquivo no computador da empresa.
Ele já havia entregado a prova ao professor.
Todos já haviam aceitado o acordo durante a reunião.
Os alunos tinham entregado o trabalho em tempo hábil.
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Pronomes de Tratamento
Informações importantes com relação ao uso dos pronomes de tratamento:
1. Os pronomes de tratamento referem-se à 2ª pessoa, no entanto toda a concordância deve ser feita com a 3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na 3ª pessoa. Alguns exemplos:
É preciso que V. Ex.ª cumpra a parte das suas promessas.
Todos os fiéis de sua paróquia acreditam em si e seguem seus ensinamentos, Vossa Reverendíssima.
Vossa Senhoria quer que eu lhe entregue os ofícios agora?
2. Devemos utilizar Vossa Senhoria, Vossa Alteza, Vossa Majestade…, quando estamos falando com a pessoa e Sua Senhoria, Sua Alteza, Sua Majestade…, quando estamos falando sobre a pessoa. Alguns exemplos:
Vossa Excelência precisa comparecer ao encontro. (No caso, alguém está falando com a alta autoridade.)
Sua Excelência precisa comparecer ao encontro. (No caso, alguém está falando sobre a alta autoridade.)
Vossa Majestade, a rainha da Inglaterra, chega hoje ao Brasil. (No caso, alguém está falando com a rainha.)
Sua Majestade, a rainha da Inglaterra, chega hoje ao Brasil. (No caso, alguém está falando sobre a rainha.)
3. Ao usar o pronome de tratamento como vocativo (para chamar, avisar, interpelar), dispensa-se o pronome possessivo (Vossa, Sua). Alguns exemplos:
Cuidado, Excelência!
Perdão, Alteza!
Atenção, Majestade!
Obs.: O uso da vírgula é obrigatório ao usarmos o vocativo.
pronomes de tratamento1
Há outros pronomes na língua portuguesa. Veja a classificação completa:
Pronome Pessoal
reto – eu, tu, ele(ela), nós, vós, eles(elas)
oblíquo – me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, consigo…
de tratamento – você, senhor, Vossa Majestade…
Pronome Possessivo – meu, teu, seu, nosso, minha, tua, sua, nossa…
Pronome Demonstrativo – este, esse, esta, essa, aquele, aquela…
Pronome Relativo – que, o qual, cujo, quanto, quem, onde…
Pronome Indefinido – nada, ninguém, alguém, tudo, algo…
Pronome Interrogativo – que, quem, qual, quanto…
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Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.
Clarice Lispector
“Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro, não é?”
( Clarice Lispector )
(Citação idêntica ao trecho no livro Vir a ser – Edições 2-3)
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Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para o Estados Unidos, Teresa para o
convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto
Fernandes
que não tinha entrado na história.
(Drummond)
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Poema de Sete Faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
(Carlos Drummond de Andrade)
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Esta / está / estar
Vamos esclarecer esta dúvida de maneira bem simples? Anote aí!
→ esta – pronome demonstrativo (palavra paroxítona – esta)
→ está – 3ª pessoa do singular do verbo “estar” (palavra oxítona – está)
→ estar – infinitivo do verbo “estar”
Alguns exemplos:
Esta blusa preta é linda. / Guardarei esta caneta na gaveta.
Aquela criança está muito feliz hoje. / Minha mãe está exausta de tanto trabalhar.
Quero estar ao seu lado para sempre. / Preciso estar na reunião no horário combinado.
E para finalizar:
Esta mulher está muito preocupada, pois precisa estar cedo no aeroporto.
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Da mesma forma será com as demais preposições: para mim e você, para mim e ti, sobre mim e ele, entre mim e ela, contra mim, por mim etc. Alguns exemplos: Ele trouxe comida para mim e para ti. / Ninguém está contra mim. / Você pode fazer isso por mim? / Sobre mim e você há uma nuvem de muitas bênçãos. Observe o seguinte: Comprei este livro para mim ler. (errado) Existe a preposição “para”, no entanto, o pronome “mim” está exercendo o papel de sujeito da segunda oração. Logo, o emprego do pronome oblíquo está equivocado. A forma correta é: Comprei este livro para eu ler.
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Todos os pronomes de tratamento fazem concordância com a terceira pessoa do singular ou do plural. (Vossa Senhoria fez boa viagem? / Vossas Senhorias fizeram boa viagem?) Logo, os pronomes relacionados a essas formas também serão de terceira pessoa. (Sua Excelência tem muito apreço pelo seu país.) Vale lembrar ainda que um pronome de tratamento, como “Vossa Excelência”, é empregado para homens e para mulheres e os adjetivos que se referem a ele devem concordar com a pessoa que ele designa. Por exemplo: Vossa Excelência foi muito atenciosa. (mulher) / Vossa Excelência foi muito atencioso. (homem)
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